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sexta-feira, 16 de março de 2012

UMA MENTIRA BEM CONTADA PODE SALVAR SUA VIDA!


Diz-se que quando Deus não dá ao homem instrução, dar-lhe astúcia. E foi assim, com muito jogo de cintura que Severino, pobre seringueiro, escapou fedendo da fúria do coronel perverso. Essa história ou causo, como queiram chamar, aconteceu nos idos dos anos 50, num seringal do lago do Puruzinho, no Rio Madeira, comandado pelo terrível “Coronel de Barranco” Serafim Botelho. Sua filha Luiza, linda moça, completara 16 anos e o Coronel deu a ela um anel de brilhante que havia pertencido a sua avó, para servir-lhe de DOTE quando se casasse com um Doutor – obviamente. Como naquela época não havia ladrão (na acepção jurídica do termo, posto que, era comum os maridos “roubarem” as esposas), a menina pôs o anel no dedo, chamou o Severino – Remador da família, e foi passear de canoa no lago. Sentindo a brisa matinal em sei rosto e a canoa a singrar suavemente pelas águas espelhadas do lago, a menina achou de por a mão na água e senti-la escoando por entre os dedos, foi então que percebeu que algo mais havia escoado de seus dedos, ou seja, perdera o precioso anel da sua bisavó. Temendo levar uma surra do coronel, a menina chegou a Casa Grande e contou-lhe a seguinte história: Estava eu passeando de canoa com o meu anel Pai, quando aquele patife do Severino, já de olho nele, me forçou a entregá-lo se não ele alagava a canoa no meio do lago. O Coronel, possesso, mandou seus capangas atrás do pobre Severino que não sabia de nada. Não demorou muito para o acharem pescando na beira do lago. Prenderam-no e o lavaram até o Coronel, que ordenou aos jagunços que o amarrassem ao pelourinho e o revistassem, pra surpresa da menina, acharam o dito anel no bolso do desgraçado. Nisso, já se formava uma grande multidão em volta, enquanto isso, o coitado do Severino, como calado estava, calado ficou. Apenas se limitou a ouvir os comentários se faziam a sua volta - Olha, diziam eles, foi ele que roubou o anel da menina - e coisa e tal. Neste momento o Coronel estava decidindo entre 100 chibatadas, uma tira de couro das costas, amputação da mão, etc. Ao passo que, finalmente, o Severino se manifestou – Esperem um pouco - disse firmemente - eu tenho o direito de falar, de contar a minha versão da história – Nesse instante houve um grande murmúrio entre a multidão, quando o Coronel interveio – Silêncio! - brandiu em alto e bom som - e o que você teria pra dizer em sua defesa, infeliz? – Em primeiro lugar - prosseguiu Severino - EU NÃO ROUBEI ESSE ANEL. FOI ELA QUE ME DEU! - então olhou em direção a filha do coronel e continuou – levei realmente a senhorita para passear de canoa nessa manhã, quando ela me pediu que lhe desse um beijo, eu disse que não porque respeito muito o seu pai, foi ai que ela fez a seguinte proposta, já que meus encantos não o seduzem, talvez isso o interesse, foi aí que ela tirou o anel do dedo e me deu, e eu como sou uma pessoa humilde, aceitei – Nesse instante, todos os olhos se voltam para o Coronel e a moça. O Coronel simplesmente mandou desamarrar o cabra e amarrar a menina no lugar dele, nisso, quando tiveram próximos a moça e Severino, esta lhe inquiriu – A sua mentira foi maior do que a minha, mas onde está afinal, a verdade? – ao passo que Severino lhe respondeu – A verdade sinhá, é que eu encontrei o anel na barriga de um peixe que pesquei lá no lago, mas quem vai acreditar numa história dessas?

Como se vê, a história é antiga, mas a moral e bem atual: o povo quer mais é história de sexo e violência. Um abraço.

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